Ainda há poucas décadas, quando as crianças voltavam da escola encontravam sempre alguém à sua espera em casa;normalmente era mãe,a qual, mal os observava, sabia se tinha acontecido alguma coisa. As crianças eram conscientes de que não podiam lanchar ou jantar qualquer coisa, comeriam o que lhes tinham preparado; veriam a televisão durante um certo tempo ou brincariam com os irmãos, vizinhos ou amigos quando tivessem feito os deveres e iriam para a cama a uma hora determinada...
Não vou entrar em considerações sobre se a situação atual é melhor ou pior; é diferente!
Na maioria dos casos, os pais trabalham fora de casa, por vezes muito longe de casa; estão submetidos a continuas pressas, pressões e tensões, que muitas vezes os impedem de compatibilizar os seus horários com os dos filhos, ou que apenas lhes permitem fazê-lo com grandes dificuldades.
A vida em casa converte-se numa correria, quando não numa angústia permanente. Os pais não podem mais!E as peculiaridades dos filhos desestabilizam a vida familiar:
- Não podem ficar doentes, pois não têm quem fique com eles!
- Não podem brincar, porque não há tempo!
- Não podem ter dificuldades na escola, têm de ser os primeiros!
- Não podem ter um problema, porque seria um drama!
- Não podem sentir necessidade de falar, porque não têm quem possa ouvi-los!
- Tanto os pais como os filhos nem sequer conseguem respirar!
A maioria das profissões não se consegue ter um horário facilitado ou reduzido, a realidade é que muitos pais se sentem prisioneiros. Sem tempo para si ou para os filhos; sentem-se ultrapassados, apesar dos seus enormes esforços para «chegar» a todos os sítios, a todas as situações, a todos os problemas; no fim, o sentimento resultante é o de impotência e culpabilidade.
Mas a culpa não é sempre dos pais.
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