O significado dado à morte pela criança varia de acordo com alguns fatores, entre os quais o primeiro a ser considerado é a idade.
Assim que a criança tiver idade suficiente para se vincular, pode ter consciência da possibilidade de perder a pessoa amada, de ter os vínculos rompidos.
Desde pequena a criança tem consciência da existência da morte, embora essa consciência possa não ser identificada pelos adultos, pois é expressa com os recursos disponíveis pela criança. Nem sempre ela fala da morte, mas pode representá-la lúdica ou graficamente.
No âmbito familiar, uma grande dificuldade para os pais está exactamente na necessidade que a criança tem de fazer perguntas muitas vezes complexas. Colocam questões profundas sobre o ser humano, sobre a vida e sobre a morte. Quando alguém da família de uma criança morre, ainda que se tente omitir ou negar, ela irá perceber através das atitudes transformadas ao redor. O facto é que, mais cedo ou mais tarde, ela vai descobrir. Omitir-lhe a verdade seria algo grave, seria como ignorá-la só porque ela não fala como os adultos, como exclui-la da família e pior ainda, se as pessoas mais próximas em que ela deposita toda a sua confiança não forem capazes de falar sinceramente sobre a morte, ela tomará isso como um modelo a seguir e nem ousará perguntar a respeito daquilo que a sua percepção lhe diz.
O que o adulto não sabe, é que as crianças questionam sem angústia a respeito da morte até cerca dos sete anos. Por volta dos três anos de idade esta questão começa a aparecer.
Existem animais domésticos que morrem, elas ouvem histórias, conversas, o conceito de que as coisas acabam e que os limites existem, já estão estabelecidos desde muito cedo.
Se a criança estiver bem amparada, terá mais possibilidades de elaborar, da forma mais sadia possível, o momento do luto.
A conclusão de uma conversa franca com uma criança sobre a morte, sem medo, tem sempre um tom positivo, só de facto de estar perto, falar a respeito e ouvir, já é positivo.Todos os seres humanos aceitam a morte de uma forma singular. Devemos respeitar, no mínimo, a maneira que as crianças encontram para superar o momento da morte. Elas têm perguntas e buscam o conhecimento e nós adultos, que muitas vezes, acreditamos que sabemos muito, ouvimos delas as melhores respostas para as perguntas que não saberíamos responder.
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